O ácido nítrico é um dos compostos químicos mais utilizados na indústria moderna devido à sua versatilidade, alto poder oxidante e ampla aplicabilidade em processos produtivos. De fórmula molecular HNO₃, trata-se de um líquido altamente corrosivo, incolor ou amarelado, que emite vapores sufocantes e possui um odor pungente característico. Sua estrutura química simples, composta por um átomo de hidrogênio, um de nitrogênio e três de oxigênio, confere ao ácido uma reatividade elevada, sendo capaz de reagir com diversos metais, compostos orgânicos e materiais não metálicos.
Essa combinação de características faz com que o ácido nítrico seja essencial em inúmeros setores industriais. Ele desempenha papel-chave na produção de fertilizantes nitrogenados, como o nitrato de amônio, vital para a agricultura em larga escala. Além disso, está presente na fabricação de explosivos industriais, corantes, pigmentos, medicamentos, semicondutores, polímeros e até mesmo em procedimentos metalúrgicos como decapagem de metais e limpeza de superfícies metálicas. Por conta disso, o ácido nítrico é considerado um insumo estratégico para o desenvolvimento econômico de qualquer país que dependa da produção industrial para seu crescimento.
Atualmente, o consumo global de ácido nítrico ultrapassa dezenas de milhões de toneladas por ano, com destaque para regiões com forte presença da indústria agroquímica e de base, como a América do Norte, Europa, China, Índia e Brasil. Estima-se que cerca de 75% da produção mundial seja destinada à indústria de fertilizantes, o que demonstra sua importância para a segurança alimentar global. No entanto, setores como mineração, farmacêutico e eletrônico também têm se mostrado grandes consumidores, principalmente devido à modernização de processos industriais e ao avanço da tecnologia.
A relevância do tema se intensifica diante dos desafios globais relacionados à sustentabilidade, segurança no manuseio de substâncias perigosas e inovação tecnológica. Com a crescente demanda por alimentos, energia, infraestrutura e produtos de alto valor agregado, o papel do ácido nítrico tende a se expandir ainda mais. Por isso, compreender quais setores mais consomem essa substância e como ela é aplicada torna-se essencial para profissionais da indústria, pesquisadores e empresas que desejam alinhar produtividade, eficiência e responsabilidade ambiental em seus processos.
O ácido nítrico é um dos compostos químicos mais relevantes para a indústria moderna, sendo largamente utilizado em diversas aplicações estratégicas. Sua versatilidade, reatividade e importância econômica o colocam como um dos ácidos minerais mais produzidos e consumidos no mundo. Para compreender sua relevância, é essencial conhecer sua composição química, suas propriedades físico-químicas, os métodos industriais de produção e os diferentes tipos disponíveis no mercado.
O ácido nítrico possui a fórmula molecular HNO₃, o que significa que cada molécula é formada por um átomo de hidrogênio (H), um de nitrogênio (N) e três de oxigênio (O). É um líquido incolor ou amarelado, com odor irritante e altamente corrosivo. Em contato com o ar, forma vapores tóxicos e densos, especialmente quando concentrado.
Propriedade | Valor / Observação |
---|---|
Fórmula molecular | HNO₃ |
Peso molecular | 63,01 g/mol |
Ponto de ebulição | 83 °C (concentrado a 68%) |
Ponto de fusão | -41,6 °C |
Densidade | 1,51 g/cm³ (a 20 °C, solução concentrada) |
Solubilidade em água | Totalmente solúvel |
Cor | Incolor a amarelado (devido à decomposição parcial) |
Odor | Pungente e sufocante |
pH | < 1 (muito ácido) |
Uma das características mais importantes do ácido nítrico é seu forte poder oxidante. Ele reage com a maioria dos metais, exceto ouro e platina, liberando óxidos de nitrogênio e formando nitratos metálicos. Também participa de diversas reações de nitração, essenciais para a síntese de compostos orgânicos utilizados em corantes, explosivos, solventes, fármacos e polímeros.
A produção industrial do ácido nítrico envolve processos baseados em reações químicas com alto controle técnico e condições específicas de pressão e temperatura. Os dois processos mais relevantes para sua fabricação são o processo Haber-Bosch (usado como etapa prévia para obtenção de amônia) e o processo Ostwald, responsável direto pela conversão da amônia em ácido nítrico.
Embora não produza diretamente o ácido nítrico, o processo Haber-Bosch é fundamental para sua fabricação, pois fornece a amônia (NH₃) — matéria-prima essencial do processo Ostwald. Esse processo foi desenvolvido no início do século XX e revolucionou a indústria química mundial.
N₂(g) + 3H₂(g) ⇌ 2NH₃(g)
(ΔH = -92 kJ/mol)
A reação ocorre sob:
Alta pressão: cerca de 150–250 atm
Alta temperatura: entre 400 e 500 °C
Catalisador: geralmente ferro com promotores como óxidos de potássio e alumínio
O nitrogênio (retirado do ar) e o hidrogênio (obtido do gás natural ou outras fontes) são combinados para formar amônia, que é posteriormente usada no processo Ostwald para a produção do ácido nítrico.
O processo Ostwald, desenvolvido por Wilhelm Ostwald em 1902, é o método industrial clássico e ainda amplamente utilizado para a fabricação de ácido nítrico a partir da amônia. O processo ocorre em três etapas principais:
A amônia (NH₃), proveniente do processo Haber-Bosch, é oxidada em presença de ar e catalisador de platina-ródio, sob temperatura de aproximadamente 850 °C.
Reação:
4NH₃ + 5O₂ → 4NO + 6H₂O
Forma-se óxido nítrico (NO) e vapor d’água.
O óxido nítrico reage com mais oxigênio do ar, formando dióxido de nitrogênio (NO₂):
2NO + O₂ → 2NO₂
O NO₂ é então absorvido em água, formando o ácido nítrico e liberando mais óxido nítrico, que pode ser reciclado no processo:
3NO₂ + H₂O → 2HNO₃ + NO
Esse ciclo contínuo, com reciclagem de gases, torna o processo Ostwald eficiente e sustentável em larga escala.
Dependendo do grau de pureza e concentração, o ácido nítrico pode ser classificado em diferentes categorias, cada uma com usos distintos na indústria. Os três principais tipos são:
Solução aquosa com concentração inferior a 30%
Comum em laboratórios e em aplicações de limpeza leve
Usado para preparo de soluções, testes analíticos e aplicações controladas
Limpeza de vidrarias de laboratório
Análises químicas e reações de baixa intensidade
Condicionamento de metais leves
Concentração mais comum na indústria
Líquido incolor ou amarelado, altamente corrosivo e fumegante
Base para a maioria dos processos industriais que exigem reatividade elevada
Fabricação de fertilizantes (nitrato de amônio)
Decapagem de aço inox e ligas metálicas
Produção de explosivos como trinitrotolueno (TNT)
Fabricação de pigmentos e corantes sintéticos
Produção de solventes e compostos orgânicos nitrados
Também chamado de ácido nítrico vermelho fumegante ou branco fumegante
Pode ultrapassar 99% de pureza, altamente instável
Exala vapores densos e tóxicos, exigindo manuseio especializado
Ácido nítrico fumegante vermelho (RFNA): contém quantidades significativas de NO₂, com coloração avermelhada
Ácido nítrico fumegante branco (WFNA): quase livre de NO₂, incolor ou levemente amarelado
Propulsor em foguetes (especialmente em combustíveis hipergólicos)
Indústria de armamentos e aeroespacial
Síntese de explosivos e compostos altamente reativos
A escolha do tipo e da concentração do ácido nítrico deve considerar a aplicação específica, o nível de pureza exigido e as normas de segurança associadas ao processo. Por exemplo:
A indústria de fertilizantes utiliza ácido nítrico concentrado para a produção de nitrato de amônio, em grande escala.
A indústria aeroespacial recorre ao ácido fumegante em sistemas de propulsão líquida.
A metalurgia depende do ácido concentrado para limpar superfícies metálicas com eficiência.
A pesquisa laboratorial e a análise ambiental utilizam soluções diluídas para garantir precisão e segurança.
O ácido nítrico é uma substância química essencial para diversas cadeias produtivas industriais. Sua elevada reatividade, capacidade oxidante e utilidade como precursor de compostos nitrados tornam esse ácido indispensável em vários segmentos da economia global. Embora seu uso esteja fortemente concentrado em algumas áreas, como a produção de fertilizantes, ele também é fundamental em setores de alta tecnologia e em processos que exigem alto controle químico.
A seguir, conheça os principais setores que mais consomem ácido nítrico atualmente e entenda suas aplicações industriais, importância estratégica e peculiaridades de uso.
Sem dúvida, o maior consumidor mundial de ácido nítrico é o setor de fertilizantes nitrogenados. Estima-se que cerca de 70% a 75% de toda a produção global de ácido nítrico seja direcionada à fabricação de nitrato de amônio (NH₄NO₃), um dos insumos mais utilizados na agricultura moderna.
A principal aplicação do ácido nítrico na indústria de fertilizantes ocorre na reação direta com amônia (NH₃), formando o nitrato de amônio:
NH₃ + HNO₃ → NH₄NO₃
Esse sal é altamente solúvel em água e fornece nitrogênio em duas formas assimiláveis pelas plantas: o íon amônio (NH₄⁺) e o íon nitrato (NO₃⁻). Isso confere alta eficiência agronômica ao fertilizante, tornando-o indispensável para o aumento da produtividade agrícola.
O crescimento populacional global e a necessidade de expandir a produção de alimentos tornam os fertilizantes essenciais para garantir colheitas mais produtivas. O uso racional do ácido nítrico na formulação de fertilizantes NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio) permite a nutrição equilibrada do solo e o aumento da oferta de alimentos de forma sustentável.
Além disso, o nitrato de amônio pode ser utilizado na formulação de fertilizantes líquidos, misturas NPK e fertilizantes de liberação controlada.
O uso do ácido nítrico nesse segmento é estratégico, globalmente regulado e diretamente ligado à segurança alimentar mundial. Sua alta demanda nesse setor justifica a concentração da produção industrial em regiões com forte atividade agropecuária.
Outro grande consumidor de ácido nítrico é o setor de explosivos industriais, especialmente para uso em mineração, demolições controladas e infraestrutura pesada. A substância é fundamental na fabricação de explosivos como o ANFO (Ammonium Nitrate – Fuel Oil), além de outros compostos nitrados.
O ANFO é composto por nitrato de amônio (obtido a partir do ácido nítrico) e óleo combustível. Embora o nitrato de amônio seja um composto estável isoladamente, quando combinado com combustíveis, ele se torna um agente explosivo eficiente, econômico e de fácil aplicação em minas e pedreiras.
Na mineração, o ANFO e outros explosivos derivados do ácido nítrico são utilizados para fragmentar rochas, facilitar a extração de minérios e preparar terrenos para infraestrutura. O uso do ácido nítrico também se estende à fabricação de outros explosivos como a nitroglicerina, o trinitrotolueno (TNT) e a nitrocelulose.
Além do setor de mineração, grandes obras civis, como túneis e barragens, também utilizam explosivos com base em compostos nitrados.
Devido ao potencial destrutivo e aos riscos de segurança, o uso do ácido nítrico para fins explosivos é rigidamente controlado por legislações nacionais e internacionais. São exigidas licenças especiais, protocolos de transporte e armazenamento, além de condições específicas para manipulação da substância e dos explosivos resultantes.
O ácido nítrico também possui papel relevante nos processos metalúrgicos, principalmente no tratamento de superfícies metálicas, remoção de óxidos e preparação de ligas para galvanoplastia. Ele é utilizado em diversas etapas de acabamento industrial.
A decapagem é um processo químico que remove óxidos de ferro, contaminantes e impurezas da superfície de metais. O ácido nítrico, por ser um forte agente oxidante, é amplamente utilizado para decapar aço inoxidável, titânio, alumínio e ligas especiais. Ele garante a limpeza superficial sem comprometer a integridade do material.
Muitas vezes, o ácido nítrico é combinado com o ácido fluorídrico (HF) para formar uma solução altamente eficiente na remoção de camadas contaminantes.
Na galvanoplastia, o ácido nítrico é usado para ativar superfícies metálicas antes do banho eletrolítico. Também é empregado na recuperação de metais preciosos, como prata e ouro, ao dissolver ligas impuras ou componentes eletrônicos.
Garantia de acabamento limpo e uniforme
Preparo de superfícies para soldagem e pintura
Aumento da vida útil das peças metálicas
Compatibilidade com ligas avançadas
A indústria farmacêutica e o segmento de química fina também utilizam o ácido nítrico como reagente em diversas etapas de síntese orgânica. Apesar de representar uma fatia menor do volume global consumido, esse setor demanda altíssima qualidade e controle sobre o produto.
O ácido nítrico é amplamente utilizado em reações de nitração de compostos aromáticos, um passo fundamental para produzir intermediários químicos com propriedades específicas, como analgésicos, antibióticos, anti-inflamatórios e corantes farmacêuticos.
Por exemplo, a produção de ácido acetilsalicílico (aspirina) envolve compostos nitrados como intermediários. A reação deve ser altamente controlada, pois o excesso de nitração pode gerar subprodutos indesejáveis.
Além da síntese de medicamentos, o ácido nítrico é usado para gerar intermediários utilizados na produção de herbicidas, pesticidas, resinas e plastificantes, setores que fazem parte da cadeia da química fina.
O uso do ácido nítrico nesse setor requer altíssima pureza, livre de metais pesados e contaminantes. Além disso, os resíduos devem ser neutralizados adequadamente, devido à toxicidade e potencial ambiental do ácido.
No universo da alta tecnologia, o ácido nítrico desempenha função crítica na fabricação de componentes eletrônicos, especialmente em processos de limpeza de materiais semicondutores, como o silício.
Durante a produção de microchips, wafers de silício passam por diversos estágios de gravação, dopagem e deposição de metais. O ácido nítrico é utilizado para limpar essas superfícies de resíduos orgânicos, íons metálicos e partículas, garantindo máxima eficiência e confiabilidade nos circuitos.
O processo exige o uso de ácido nítrico ultra puro, frequentemente combinado com ácido sulfúrico (H₂SO₄) em misturas conhecidas como “ácido pícrico” ou “ácido ácido”.
Metais como cobre, ferro e manganês são extremamente prejudiciais à funcionalidade de microcircuitos. O ácido nítrico, devido ao seu forte poder oxidante, consegue remover esses contaminantes de forma seletiva e eficaz.
Embora o consumo total nesse setor seja pequeno comparado à agricultura, o nível de exigência técnica é altíssimo, o que torna o ácido nítrico insubstituível em diversas etapas da cadeia produtiva de chips, sensores, LEDs, displays e componentes de telecomunicações.
A síntese de corantes e pigmentos sintéticos também depende do ácido nítrico, especialmente nas reações de nitrificação de compostos orgânicos, etapa essencial para a criação de moléculas coloridas com estabilidade e intensidade desejadas.
Pigmentos azo são um dos grupos mais importantes de corantes industriais, sendo usados em tintas, plásticos, têxteis, cosméticos e produtos gráficos. Sua síntese envolve a nitração de anilinas e compostos aromáticos, processo no qual o ácido nítrico é fundamental.
Além dos pigmentos azo, outros corantes derivados de compostos nitrados incluem:
Nitrofenóis
Aminonitrobenzenos
Corantes à base de ftalocianina
O setor têxtil, por exemplo, depende de corantes com alta resistência à lavagem, luz solar e abrasão. O ácido nítrico permite a produção de compostos estáveis, com estruturas químicas que conferem fixação e durabilidade às cores.
O ácido nítrico é um dos compostos químicos mais produzidos e consumidos do mundo, com aplicações estratégicas em setores como fertilizantes, mineração, farmacêutica, metalurgia e eletrônica. No entanto, seu uso massivo vem acompanhado de desafios ambientais, econômicos e regulatórios, que têm impulsionado transformações significativas nas cadeias produtivas onde está inserido.
A busca por maior eficiência, menor impacto ambiental e conformidade com legislações ambientais rigorosas tem incentivado o desenvolvimento de alternativas sustentáveis, o reaproveitamento de resíduos nitrogenados e a adoção de tecnologias limpas em larga escala. Este movimento não apenas atende às exigências globais por sustentabilidade, como também representa uma oportunidade de inovação e competitividade para empresas que utilizam o ácido nítrico em seus processos.
A sustentabilidade deixou de ser uma vantagem competitiva opcional para se tornar uma condição essencial de mercado. O setor químico, tradicionalmente intensivo em recursos e energia, está no centro dessa transformação. O ácido nítrico, como um dos principais produtos dessa indústria, tornou-se foco de políticas voltadas à redução de emissões, economia circular e produção limpa.
Acordos internacionais climáticos, como o Acordo de Paris, que exigem a redução de gases de efeito estufa.
Pressão dos consumidores e investidores por práticas ESG (Ambientais, Sociais e de Governança).
Avanços tecnológicos que tornam viáveis processos mais eficientes e com menor geração de resíduos.
Legislações ambientais nacionais e internacionais cada vez mais rígidas.
A produção convencional de ácido nítrico pelo processo Ostwald emite grandes quantidades de óxidos de nitrogênio (NOₓ), gases tóxicos e precursores da chuva ácida e do aquecimento global. Para mitigar esses impactos, a indústria química tem investido no desenvolvimento e aplicação de tecnologias limpas, voltadas para:
Empresas estão adotando sistemas de catalisadores secundários e terciários, posicionados após o processo de oxidação de amônia. Esses catalisadores reduzem a emissão de NOₓ por meio de reações controladas, transformando-os em gás nitrogênio (N₂) e água.
Novos projetos de plantas de ácido nítrico priorizam eficiência térmica com sistemas de recuperação de calor que transformam o calor residual do processo em vapor para geração de energia, reduzindo o consumo energético total da unidade.
Muitos processos estão sendo ajustados para reciclar o óxido nítrico (NO) formado na absorção de NO₂, aumentando a eficiência e reduzindo a necessidade de reagentes adicionais.
Uma tendência crescente é a adoção de mini plantas modulares, que permitem produção local de ácido nítrico em pequena ou média escala com maior controle de emissões e menor impacto logístico.
A implementação de modelos de economia circular representa uma das estratégias mais eficazes para alinhar produtividade com sustentabilidade. No contexto do ácido nítrico, isso envolve o reaproveitamento de resíduos nitrogenados gerados em processos industriais ou agrícolas, convertendo-os novamente em matéria-prima.
Efluentes líquidos de fertilizantes nitrogenados (ricos em nitratos e nitritos)
Subprodutos da indústria de explosivos
Resíduos de galvanoplastia contendo sais de nitrato
Lodos industriais com concentração de nitrogênio
Processos de neutralização e recuperação química, que convertem nitratos em nitrogênio molecular ou reprocessam para gerar sais aproveitáveis.
Tecnologias de oxidação avançada, que quebram moléculas complexas contendo nitrogênio, permitindo sua reutilização na cadeia produtiva.
Sistemas de reatores biológicos que transformam compostos nitrogenados em gás nitrogênio por meio da ação de microrganismos (desnitrificação biológica).
Redução da carga de poluentes nos efluentes industriais
Diminuição da necessidade de insumos primários (amônia, por exemplo)
Economia com tratamento de resíduos e controle ambiental
Melhoria da imagem institucional perante a sociedade e investidores
O manuseio, transporte, armazenamento e descarte de ácido nítrico são regulamentados por normas técnicas e ambientais, devido ao seu alto potencial de causar danos à saúde humana e ao meio ambiente.
Resolução CONAMA 430/2011: trata da disposição de efluentes líquidos em corpos d’água, com limites específicos para nitratos.
NR-20 – Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis: exige planos de prevenção de acidentes com produtos perigosos.
NR-26 – Sinalização de Segurança: trata da rotulagem de produtos químicos perigosos, como o ácido nítrico.
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS): incentiva o reaproveitamento de resíduos, incluindo compostos químicos industriais.
REACH (Europa): exige registro, avaliação e autorização de substâncias químicas, incluindo o ácido nítrico.
GHS – Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos.
EPA (EUA): estabelece limites de emissão de NOₓ e padrões de qualidade do ar.
IMO – Regulamentos marítimos para transporte de substâncias perigosas.
Empresas que utilizam ácido nítrico devem apresentar licenças ambientais específicas e realizar monitoramento contínuo de emissões e efluentes.
É obrigatório o desenvolvimento de planos de emergência e contingência para acidentes com vazamento ou incêndio.
As auditorias ambientais e certificações ISO 14001 estão se tornando cada vez mais exigidas por clientes e investidores.
O mercado global do ácido nítrico está passando por uma fase de transformação profunda, impulsionada por tendências ambientais, regulatórias e tecnológicas. Estima-se que a demanda continuará em crescimento, especialmente em países emergentes com forte base agrícola e industrial.
Fertilizantes Sustentáveis e de Liberação Controlada
Com a crescente pressão para reduzir o uso indiscriminado de fertilizantes, há um movimento forte para desenvolver fertilizantes inteligentes, que utilizam ácido nítrico em formulações mais eficientes e menos poluentes.
Expansão em países da Ásia e América Latina
A demanda por ácido nítrico cresce fortemente em países como China, Índia e Brasil, onde os setores agroquímico e metalúrgico estão em expansão.
Inovação em Química Verde
A indústria química está investindo em rotas alternativas de produção de nitratos e compostos nitrados, com menor pegada de carbono e menor emissão de poluentes.
Desenvolvimento de catalisadores mais eficientes
Novos materiais estão sendo aplicados como catalisadores para reduzir as emissões de NOₓ e aumentar o rendimento da produção de ácido nítrico.
Digitalização e monitoramento em tempo real
Com o avanço da Indústria 4.0, plantas químicas estão adotando sensores inteligentes, sistemas SCADA e IA para otimizar o consumo de reagentes, reduzir perdas e aumentar a rastreabilidade dos processos com ácido nítrico.
Alto custo de tecnologias de controle de emissão
Necessidade de capacitação técnica de operadores
Dificuldade de reaproveitamento em pequenas empresas
Complexidade regulatória e burocracia em licenciamentos
Redução de custos com insumos e resíduos
Melhoria da imagem institucional e acesso a mercados internacionais
Benefícios fiscais e acesso a linhas de crédito verdes
Alinhamento com políticas públicas de baixo carbono e agricultura sustentável
O ácido nítrico é um dos compostos químicos mais utilizados na indústria moderna, mas também está entre os mais perigosos quando não manuseado corretamente. Seu uso demanda atenção rigorosa a normas de segurança, legislações ambientais e protocolos de armazenamento e transporte. Empresas que utilizam o ácido nítrico em suas operações devem garantir que todos os procedimentos estejam alinhados com a legislação vigente para evitar acidentes, contaminações ambientais e prejuízos à saúde humana.
O ácido nítrico (HNO₃) é um líquido altamente corrosivo, fortemente oxidante e extremamente tóxico em contato com a pele, olhos e vias respiratórias. Sua manipulação incorreta pode causar desde queimaduras severas até intoxicações sistêmicas e incêndios.
A toxicidade do ácido nítrico está relacionada à inalação de seus vapores e à ingestão acidental. Quando inalado, o HNO₃ reage com a umidade das vias respiratórias, formando ácido nítrico no trato respiratório, o que provoca irritações graves, tosse seca, inflamação pulmonar, bronquite química e, em casos extremos, edema pulmonar.
Exposição aguda pode causar:
Queimaduras nas mucosas nasais e orais
Irritação ocular intensa
Dor torácica, dispneia (dificuldade respiratória)
Cefaleia e tontura
Exposição crônica pode levar a:
Inflamações respiratórias recorrentes
Redução da função pulmonar
Sensibilização e reações alérgicas
A ingestão é extremamente perigosa e pode causar perfuração do esôfago, hemorragias internas e até morte.
O ácido nítrico é fortemente oxidante e reage violentamente com várias substâncias orgânicas, inflamáveis e redutoras. Ele pode gerar reações exotérmicas perigosas com:
Metais reativos (como sódio, potássio, magnésio)
Compostos orgânicos (álcoois, éteres, açúcares)
Materiais combustíveis (papel, madeira, tecidos)
Ácidos redutores (como ácido fórmico, ácido sulfídrico)
Essas reações podem causar liberação de óxidos de nitrogênio (NO, NO₂), gases tóxicos que intensificam o risco de contaminação do ambiente.
O ácido nítrico pode corroer rapidamente diversos materiais, inclusive metais nobres como cobre e prata. Seu contato com tecidos vivos causa queimaduras profundas na pele e necrose. Em materiais de construção, ataca superfícies metálicas, borrachas e plásticos inadequados.
Materiais compatíveis para armazenamento ou condução incluem:
Aço inoxidável de alta liga (316L)
Teflon (PTFE)
Vidro borossilicato
PVC de grau industrial (em baixas concentrações)
Devido à sua periculosidade, o ácido nítrico deve ser armazenado, transportado e descartado de forma controlada, obedecendo às boas práticas de segurança química e às normas específicas de manuseio de produtos perigosos.
O armazenamento do ácido nítrico requer atenção a fatores como ventilação, contenção de vazamentos, compatibilidade de materiais e controle de temperatura.
Armazene em local ventilado, seco e protegido da luz solar direta.
Evite proximidade com substâncias combustíveis, bases fortes ou materiais orgânicos.
Utilize tanques ou bombonas em materiais compatíveis (como aço inox 316L ou recipientes de vidro resistente).
Instale bacias de contenção com capacidade mínima de 110% do volume do recipiente.
Implemente sistemas de detecção de vazamentos e alarmes para vapores tóxicos.
Mantenha sinalização clara e barreiras físicas de proteção.
O local deve ter chuveiros de emergência e lava-olhos próximos às áreas de manuseio.
O transporte de ácido nítrico é regulamentado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e requer cuidados específicos, pois se trata de um produto perigoso – Classe 8 (corrosivo), com riscos adicionais de reatividade.
Veículo licenciado e com Certificado de Inspeção para Transporte de Produtos Perigosos (CIPP).
Motoristas com curso MOPP (Movimentação Operacional de Produtos Perigosos).
Embalagens homologadas, com sinalização GHS (Global Harmonized System).
Ficha de emergência e rótulo de risco visíveis.
Itinerário pré-definido e, em alguns casos, escolta de segurança.
Em caso de acidentes, o condutor deve acionar imediatamente a empresa e os órgãos ambientais competentes.
A disposição inadequada do ácido nítrico pode provocar contaminação de solo, lençóis freáticos, cursos d’água e atmosferas industriais. Por isso, o descarte deve seguir critérios específicos, com prioridade para:
Neutralização química controlada, usando bases fracas (como bicarbonato de sódio) em pH monitorado, em tanques com contenção.
Tratamento em estação de tratamento de efluentes industriais (ETEI), com certificação ambiental.
Serviços de coleta e descarte por empresas licenciadas (com emissão de MTR – Manifesto de Transporte de Resíduos).
Reaproveitamento ou reciclagem interna, quando possível, para reduzir o volume de descarte.
O manuseio de produtos perigosos como o ácido nítrico está sujeito a normas trabalhistas, ambientais e técnicas que garantem a proteção da saúde do trabalhador, da comunidade e do meio ambiente.
Embora voltada inicialmente para inflamáveis, a NR-20 se aplica também a produtos químicos perigosos como o ácido nítrico. Ela exige:
Classificação da atividade quanto ao risco potencial (baixo, médio ou alto).
Treinamento específico para trabalhadores expostos.
Análise de riscos e elaboração de PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos).
Plano de resposta a emergências químicas, incluindo evacuação, contenção e primeiros socorros.
Essa norma trata da rotulagem e sinalização de produtos químicos, exigindo que o ácido nítrico seja:
Classificado e rotulado conforme o Sistema GHS, com pictogramas de perigo.
Identificado por meio de etiquetas legíveis, duráveis e visíveis.
Associado à Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) atualizada.
Utilizado com equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados, como luvas, aventais, máscaras e protetores faciais.
O CONAMA estabelece regras para o controle ambiental de substâncias químicas, especialmente no que se refere à geração de resíduos e lançamento de efluentes.
CONAMA 357/2005 e 430/2011 – tratam dos padrões de qualidade da água e limites para lançamento de efluentes com nitratos e nitritos.
Empresas devem apresentar licenciamento ambiental, monitoramento de emissões atmosféricas e líquidas, e relatórios de conformidade.
O uso de ácido nítrico está sujeito a auditorias e fiscalizações periódicas por órgãos como o IBAMA e órgãos ambientais estaduais.
Essa resolução dispõe sobre o transporte terrestre de produtos perigosos e substitui a antiga Resolução nº 5232.
Estabelece a obrigatoriedade de sinalização do veículo com painel de segurança e rótulo de risco (classe 8).
Define obrigações dos expedidores, transportadores e destinatários.
Prevê a responsabilidade por acidentes ambientais e a obrigação de reparação dos danos causados.
Além do cumprimento da legislação, é essencial aplicar boas práticas operacionais e comportamentais que reduzam os riscos na manipulação do ácido nítrico.
Realizar treinamentos frequentes de segurança química.
Utilizar checklists de inspeção diária dos equipamentos de contenção e proteção.
Implementar sistemas de ventilação forçada e captação de vapores.
Padronizar procedimentos operacionais escritos (POPs) para manuseio e emergências.
Estabelecer zonas de segurança com controle de acesso.
Ignorar as diretrizes legais e técnicas no manuseio do ácido nítrico pode levar a graves consequências para empresas e profissionais, como:
Multas ambientais e trabalhistas por descumprimento das normas.
Interdições de operação determinadas por órgãos reguladores.
Processos civis e criminais por danos ao meio ambiente ou à saúde.
Perda de licenciamento e de certificações ISO ou auditorias de clientes.
Desvalorização da imagem institucional diante de investidores e mercado.
O ácido nítrico é, sem dúvidas, um dos insumos químicos mais relevantes para o funcionamento de diversas cadeias industriais globais. Seu amplo espectro de aplicações — que vai da produção de fertilizantes até a indústria eletrônica, passando pela mineração, metalurgia, farmacêutica e síntese de corantes — revela a magnitude de sua importância estratégica e econômica. Contudo, essa relevância também impõe a necessidade de práticas seguras, regulamentações rígidas e inovações constantes que permitam sua utilização de forma sustentável e responsável.
Ao observar a trajetória do ácido nítrico no contexto industrial, é possível afirmar que seu futuro depende diretamente da capacidade do setor de inovar, regular e integrar soluções sustentáveis ao longo de toda a cadeia produtiva.
As indústrias que investirem em tecnologia limpa, capacitação profissional, automação inteligente e responsabilidade socioambiental estarão mais preparadas para:
Atender a uma demanda crescente de forma segura e competitiva
Reduzir riscos operacionais e legais
Minimizar o impacto ambiental de suas operações
Conquistar mercados mais exigentes e sustentáveis
O ácido nítrico continuará sendo um pilar da indústria global, mas seu papel será redefinido por meio da inovação contínua, da governança regulatória eficaz e do compromisso coletivo com um modelo de desenvolvimento mais equilibrado entre produção, segurança e meio ambiente.
Porque o ácido nítrico é essencial para a produção de nitrato de amônio, um fertilizante nitrogenado amplamente utilizado na agricultura. Esse composto fornece nitrogênio em formas absorvíveis pelas plantas, tornando o ácido nítrico indispensável para a segurança alimentar global.
Porque o ácido nítrico é essencial para a produção de nitrato de amônio, um fertilizante nitrogenado amplamente utilizado na agricultura. Esse composto fornece nitrogênio em formas absorvíveis pelas plantas, tornando o ácido nítrico indispensável para a segurança alimentar global.
Sim. O ácido nítrico é usado na fabricação de explosivos industriais, como o ANFO, que é amplamente utilizado na mineração e em obras civis. Ele também é utilizado em compostos como TNT e nitroglicerina, sob regulamentações rigorosas de segurança.
Sim. Embora em menor volume, a indústria farmacêutica utiliza o ácido nítrico como reagente em síntese orgânica, especialmente em reações de nitração de compostos aromáticos para produção de intermediários de fármacos, como analgésicos, antibióticos e anti-inflamatórios.
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